quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Elza Soares no Jô Soares





Alguem viu a Elza Soares no programa do Jô Soares ontem a noite?

Que mulher fantástica! Que história de vida! Deveriam fazer um filme sobre a vida desta "mulata assanhada", vocês nao acham?

No programa do Jô ela falou que nasceu pobre, negra, na contra-mão, contou como foi que ela foi descoberta no programa de calouros do Ary Barroso, contou histórias de quando ela foi madrinha da seleção brasileira inclusive como ela conheceu Louis Armstrong que se encantou por ela e a chamou de filha.

Elza Soares sofreu muito, ela foi vítima de uma campanha pública patrocinada por "paladinos da moral e dos bons costumes" em plena época da ditadura militar no Brasil. Aquilo rendeu publicidade e sensacionalismo. Elza foi taxada de "inimiga do lar", de biscate, inclusive no filme sobre a vida de Mané Garrincha, "Uma estrela solitária", é mostrado cenas em que faixas e cartazes, ovos, tomates são jogados na casa dela, acusando-a de mulher danosa ao casamento. Ela foi acusada de ter roubado o craque Mané Garrincha da mulher dele e de ter desemparado os tantos filhos que ele teve.

Numa fase de hipocrisia reinante ela teve a coragem de publicamente assumir seu amor proibido com o ídolo Garrincha tudo isso nos anos de trevas da política brasileira onde desafiar o autoristarismo naquela época poderia ter a própria vida em risco.

A mídia formentava o preconceito e ódio à Elza, será que gíria gay, "dar a Elza" relacionada a roubar alguem tem origem neste episódio?

Elza passou por mal bocados, viu? Sofreu com o estigma de "inimiga do lar". Mas ela foi corajosa e nao deixou se abater. O tempo é o senhor da razão. Elza que foi mãe aos 12 anos e viúva aos 18, perdeu Mané Garrincha, perdeu Garrinchinha em 1986, seu único filho com Mané, mas soube dar a volta por cima e se mostrou mais digna do que seus acusadores.

Elza deu um grande exemplo de lealdade a si mesmo, desafiou o retrocesso e se tornou uma heroína. Ela foi a primeira cantora popular e negra no Brasil a receber no governo do Juscelino Kubitchek a comenda Cruzeiro do Sul e era chamada a "Embaixatriz do Samba" por Jango Goulart.





Elza é sinônimo de renovação, ela está sempre sintonizada com a modernizadade, prova disto foi o disco que ela lancou em 2003 VIVO FELIZ, um disco simplesmente FANTÁSTICO!!! Este cd é atemporal, muito moderno, o som é mágico! É um disco de música eletrônica, nele Elza mostra que não está parada no tempo! É um disco que já começa divertido com a vinheta que inicia o cd. E ela mostra também composição própria neste disco. Um disco jovial, corajoso, que traz Nando Reis na faixa "Concórdia" , simplesmente bárbaro o dueto dos dois. E é justamente esta faixa que trago pra vocês agora na aventura musical de hoje.






Trago também para vocês alguns trechos do programa do JÔ:

Elza fala sobre seu encontro com Louis Armstrong:





Elza fala sobre a carreira:







Nossa, foi um barato vê-la ali no Jô, com um astral bem alto, cantando pra platéia, mostrando a boa forma física, saúde, disposição e muita vontade de viver aos 71 anos!!! Concordo com ela quando ela disse que ela tem a loteria na voz dela! É verdade, ela tem uma das vozes mais originais da MPB. É a nossa Tina Tuner. Vale lembrar que em 2000 ela foi escolhida a cantora do milênio pela BBC de Londres, fato que teve pouca repercursão aqui no Brasil.


Este planeta nao poderia existir sem esta mulata assanhada, Elza Soares, um exemplo de garra, força, coragem, atitude, determinação, energia inesgotável, uma mulher à frente do seu tempo! Uma mistura de samba, soul, funk e raça!

I love you, Elza!

Você é rainha!
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2 comentários:

Edson F. disse...

Cara,
Elza deu um show de puro talento visceral.
Ela é intuitiva, genuíno soul&samba.
É nossa cara encancaradamente melhorada.
É o Brasil que queremos e podemos ser.

Vlw pela postagem-presente.

Bração, Pa z e boa!
e sorte a todos nós
de seu amigo,
Víctor Zazuela

Unknown disse...

Cara... eu sou muito apaixonado pela Elza, e amei seu texto e ver a entrevista... Um show de personalidade, como sempre... Elza me fascina!

Abração, Paz!