sexta-feira, 24 de agosto de 2007
A Despedida do Amor
A Despedida do Amor
Martha Medeiros
Existem duas dores de amor:
A primeira é quando a relação termina e a gente, seguindo amando, tem que se acostumar com a ausência do outro, com a sensação de perda, de rejeição e com a falta de perspectiva, já que ainda estamos tão embrulhados na dor que não conseguimos ver luz no fim do túnel.
A segunda dor é quando começamos a vislumbrar a luz no fim do túnel.
A mais dilacerante é a dor física da falta de beijos e abraços, a dor de virar desimportante para o ser amado. Mas, quando esta dor passa, começamos um outro ritual de despedida: a dor de abandonar o amor que sentíamos. A dor de esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar livre, sem sentimento especial por aquela pessoa. Dói também...
Na verdade, ficamos apegados ao amor tanto quanto à pessoa que o gerou. Muitas pessoas reclamam por não conseguir se desprender de alguém. É que, sem se darem conta, não querem se desprender. Aquele amor, mesmo não retribuído, tornou-se um souvenir, lembrança de uma época bonita que foi vivida... Passou a ser um bem de valor inestimável, é uma sensação à qual a gente se apega. Faz parte de nós. Queremos, lógicamente, voltar a ser alegres e disponíveis, mas para isso é preciso abrir mão de algo que nos foi caro por muito tempo, que de certa maneira entranhou-se na gente, e que só com muito esforço é possível alforriar.
É uma dor mais amena, quase imperceptível. Talvez, por isso, costuma durar mais do que a "dor-de-cotovelo" propriamente dita. É uma dor que nos confunde. Parece ser aquela mesma dor primeira, mas já é outra. A pessoa que nos deixou já não nos interessa mais, mas interessa o amor que sentíamos por ela, aquele amor que nos justificava como seres humanos, que nos colocava dentro das estatísticas: "Eu amo, logo existo".
Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo. É o arremate de uma história que terminou, externamente, sem nossa concordância, mas que precisa também sair de dentro da gente...
E só então a gente poderá amar, de novo.
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9 comentários:
Eu também gosto muito dela. Já conhecia há muito tempo.
Abração e dê notícias
Que bom que você criou este espaço.
Gostei muito!!!
beijos
Gostei muito, parece tudo contigo e o texto me diz...Bem tu sabes!
te amo!
Beijos
Adorei!!!!!!Mas adianta comentar?Acreditas em MAMAMA?Te amo.Vou entrar diáriamente.Um beijo.Neia saldanha
Sem comentários, simplismente sensacional, como você, o texto "A despedida do Amor", perfeito, já está em meu orkut, pois, textos de tal profundidade deve ser divulgado, obrigado por criar esse espaço para divulgação cultural. Beijo no coração do amigo, Leonardo!
Tinha q come�ar com o p� direito n� mo�o? Esse texto � muito especial...desejo vida longa ao blog e aprab�ns pela �tima iniciativa. Fico feliz em ver q tenho minha parcela de 'culpa" nessa sua nova empreitada. Abra�o apertado!
Fabiano, fui sua aluna por um período curtíssimo de tempo na EMB. Inglês instrumental.Adorei seu trabalho, sua pessoa, sua sensibilidade, flexibilidade, competência, etc etc etc. Continuo recebendo seus emails e adoro!Bom, é isso, muito sucesso, paz, harmonia. e sempre: muita música! Bjo no coração! Gaby Patriota
Bom, sou extremamente suspeito pra falar de assuntos que envolvem amor...esse sentimento tão banalizado, tão mal compreendido e que faz com que seus praticantes ganhem apelidos e adjetivos que não lhes cabem...o que é uma pena. Mas só alguém parecido é capaz de sentir e disponibilizar um texto como esse. Um verdadeiro espelho de "almas" amantes.
Bom conhecê-lo.
Abraços
Bom, sou extremamente suspeito pra falar de assuntos que envolvem amor...esse sentimento tão banalizado, pouco compreendido e nada muito valorizado pela grande maioria. Que pena...Mas não vamos perder as esperanças!
Só alguém que consegue sentir de corpo e principalmente de alma, consegue identificar a riqueza de um texto assim.
Bom conhecê-lo.
Abraços
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