segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Beleza Fácil







Eu estou ficando fa de Martha Medeiros, foi ela q escreveu o texto "A despedida do amor" q tanto mexeu comigo alguns dias atrás, agora descobri mais este outro texto dela q tb me encantou. E tudo o q me encanta eu gosto de partilhar com voces.

Gostaria de "casar" este texto abaixo com a cancao "Beleza Fácil" q Zélia Duncan compos junto com Rodrigo Maranhao, uma música linda q está no "lado B" do disco "Sortimento" q Zélia lançou em 2001. Geralmente a gente quase nao presta atençao no lado B dos discos, todas as faixas sempre nos trazem algo, cabe a nós prestarmos atençao sobre o q as cancoes querem nos dizer.


NORMOSE

Lendo uma entrevista do professor Hermógenes, 86 anos, considerado o fundador da ioga no Brasil, ouvi uma palavra inventada por ele que me pareceu muito procedente: ele disse que o ser humano está sofrendo de normose, a doença de ser normal.

Todo mundo quer se encaixar num padrão. Só que o padrão propagado não é exatamente fácil de alcançar. O sujeito "normal" é magro, alegre, belo, sociável, e bem-sucedido. Quem não se "normaliza" acaba adoecendo. A angústia de não ser o que os outros esperam de nós gera bulimias, depressões, síndromes do pânico e outras manifestações de não enquadramento.

A pergunta a ser feita é: quem espera o que de nós? Quem são esses ditadores de comportamento a quem estamos outorgando tanto poder sobre nossas vidas?

Eles não existem. Nenhum João, Zé ou Ana bate à sua porta exigindo que você seja assim ou assado. Quem nos exige é uma coletividade abstrata que ganha "presença" através de modelos de comportamento amplamente divulgados. Só que não existe lei que obrigue você a ser do mesmo jeito que todos, seja lá quem for Todos. Melhor se preocupar em ser você mesmo.

A normose não é brincadeira. Ela estimula a inveja, a auto-depreciação e a ânsia de querer o que não se precisa. Você precisa de quantos pares de sapato? Comparecer em quantas festas por mês? Pesar quantos quilos até o verão chegar?

Não é necessário fazer curso de nada para aprender a se desapegar de exigências fictícias. Um pouco de auto-estima basta. Pense nas pessoas que você mais admira: não são as que seguem todas as regras bovinamente, e sim aquelas que desenvolveram personalidade própria e arcaram com os riscos de viver uma vida a seu modo. Criaram o seu "normal" e jogaram fora a fórmula, não patentearam, não passaram adiante. O normal de cada um tem que ser original.

Não adianta querer tomar para si as ilusões e desejos dos outros.

É fraude. E uma vida fraudulenta faz sofrer demais.

Eu não sou filiada, seguidora, fiel, ou discípula de nenhuma religião ou crença, mas simpatizo cada vez mais com quem nos ajuda a remover obstáculos mentais e emocionais, e a viver de forma mais íntegra, simples e sincera.

Por isso divulgo o alerta: a normose está doutrinando erradamente muitos homens e mulheres que poderiam, se quisessem, ser bem mais autênticos e felizes.

Martha Medeiros (Jornal Zero Hora - Porto Alegre - 05.08.07)



Aperte PLAY e preste atenção:



Beleza Facil

(Zelia Duncan e Rodrigo Maranhao)

O mundo
É gentil com a beleza
Põe a mesa, arruma a sala
Exala compreensão
Tudo se faz possível
A beleza pode esconder
O mau, o sujo, o desprezível
Que ainda assim, só por ser belo
Faz parecer incrível
E o mundo gosta da beleza fácil
Do que é superprático
Banalidade rara, superfíce clara
Do que se vê logo de cara
E nunca se enxerga
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Um comentário:

nessagas disse...

Esse texto me ajudou muito.
Temos que deixar de comprar esses enlatos da televisão, onde acha que a beleza pode tudo e compra tudo.